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Publicado em:
20 de dezembro de 2023
(17/12/2023) – As ferramentarias brasileiras estão interessadas em investir em modernização e novas tecnologias. Mais do que um desejo de se atualizar, esta é uma necessidade. Se o maquinário utilizado nas indústrias brasileiras como um todo tem idade média de 15 anos, como mostrou estudo recente da CNI, no caso das ferramentarias o tempo médio de uso é ainda maior, de 21 anos, como revelou levantamento da Abinfer – Associação Brasileira da Indústria de Ferramentais.
Ou seja, existe uma defasagem tecnológica do setor – consequência de vários fatores, com destaque para as seguidas crises da economia nacional –, que deixou as ferramentarias nacionais menos competitivas. Algumas ferramentarias, aliás, já estão procurando renovar o parque fabril, como o mercado de máquinas já notou. Porém, não investindo para aumentar a capacidade, mas sim para substituir máquinas antigas, com o objetivo de reduzir o custo final do produto, melhorar a produtividade e diminuir o prazo de entrega.
“O parque atual é composto de muitas máquinas depreciadas e obsoletas, que consomem muita energia e já não têm mais a mesma precisão”, diz Christian Dihlmann, presidente da Abinfer, acrescentando que o resultado disso fica evidente no crescente volume de importação de ferramentais, em especial da China.
De acordo com Dihlmann, o volume de moldes e matrizes importados pelo Brasil em 2023 deve chegar a US$ 1,5 bilhão, enquanto se estima que as exportações devem ficar em torno US$ 100 milhões. Ou seja, 15 vezes menos.
Para mudar esse quadro, a entidade desenvolveu o Projeto Podium, estudo já apresentado aos ministros da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e do Trabalho, Luiz Marinho. O projeto tem 11 pilares, entre eles a renovação do parque de máquinas do setor. “Em sua primeira fase, o projeto pretende reduzir em 6 anos a idade média das máquinas em uso no setor (se igualando ao conjunto da indústria como um todo)”, explica. “Esse projeto vai demandar muitas máquinas”.“
É um programa de 11 pilares que propõe impulsionar a indústria de ferramentaria no país. O projeto visa aprimorar a competitividade e inovação das empresas do setor, além de construir um modelo de negócio sustentável e lucrativo”, diz. Além da modernização, o projeto engloba ainda várias outras ações, desde a formação profissional e gestão até a internacionalização das ferramentarias nacionais. “O objetivo final é aumentar a competitividade das ferramentarias nacionais e elevar a capacidade de exportação até conseguirmos igualar (e até superar) o volume de importações e equilibrar a balança comercial do setor”.
Num primeiro momento, o objetivo é reconquistar o mercado interno. Além da China, estão chegando ao Brasil moldes produzidos na Coreia do Sul, Índia e Turquia. “A queda da competitividade abriu espaço para a importação. As indústrias de eletroeletrônicos e de construção civil estão trazendo muito ferramental importado. Queremos recuperar esse mercado e também crescer no segmento de embalagens que é hoje um dos maiores usuários de moldes e matrizes”, comenta.
Um dos parâmetros utilizados foi a indústria de moldes de Portugal que, hoje, exporta cerca de US$ 700 milhões/ano, contando com 300 ferramentarias. No Brasil, segundo a Abinfer, além de 3.500 ferramentarias cativas (instaladas dentro de empresas, como são os casos da Volkswagen, da GM ), conta com 2 mil ferramentarias de mercado.
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